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Brasil lança programa para impulsionar bioinformática e fortalecer a bioeconomia

Iniciativa foi lançada na COP30 pelo MCTI e tem participação do SENAI

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Ciência, tecnologia e biodiversidade integrados com o objetivo de acelerar a transição do Brasil rumo a uma economia sustentável e duradoura. Esta é a meta do Programa Prioritário de interesse Nacional em Bioinformática (PPI BioinfoBR), lançado pelo governo brasileiro na última quarta-feira (12), durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém (PA).

 

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) está à frente da iniciativa, desenvolvida em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Apresentada no estande da CNI, a proposta visa criar oportunidades para o desenvolvimento de hardware, software, algoritmos, infraestrutura de dados e serviços digitais aplicados à biotecnologia, conectando a política industrial de tecnologia da informação e comunicação (TICs) com a agenda de bioeconomia e soberania tecnológica do país.

O que é bioinformática
A bioinformática é um campo interdisciplinar que une biologia, tecnologia da informação, matemática e estatística para analisar grandes volumes de dados biológicos, como genomas, proteínas e moléculas. Na prática, ela permite que cientistas usem ferramentas digitais para entender, modelar e aplicar informações sobre a biodiversidade em áreas como saúde, agricultura, cosméticos e biocombustíveis.

“Com a bioinformática, estamos dando mais um passo na direção de uma ciência voltada ao futuro. O setor produtivo brasileiro cada vez mais descobre a necessidade de ter empresas de base tecnológica. E nós precisamos acompanhar o ritmo global das transformações tecnológicas”, afirmou a ministra Luciana Santos, do MCTI.

Segundo a ministra, o programa vai aproveitar a expertise brasileira em biodiversidade para desenvolver soluções industriais e científicas. “Queremos associar tecnologias disruptivas, como softwares, computadores de alto desempenho e inteligência artificial, ao maior patrimônio do nosso país — a nossa biodiversidade”, completou.

Para a ministra Luciana Santos, a iniciativa simboliza mais que um investimento em tecnologia: é uma aposta no futuro do país. “Ao aplicar a ciência da vida à informática e à biotecnologia, estamos construindo caminhos para uma economia sustentável, inovadora e soberana”, concluiu.

Execução e estrutura do programa
O SENAI propôs o modelo e será um dos principais executores do programa, utilizando a experiência de sua rede nacional de Institutos de Inovação para conectar indústrias, universidades e centros de pesquisa. Entre os 28 institutos, 12 atuam diretamente em bioeconomia e sete em tecnologias da informação, abrangendo desde o processamento avançado de dados biológicos até o desenvolvimento de produtos de alto valor agregado.

De acordo com o diretor-geral do SENAI, Gustavo Leal, o programa representa um avanço estratégico. “O programa de bioinformática é extremamente relevante para o país. Ele une conhecimentos em computação de alto desempenho, inteligência artificial e computação quântica ao desenvolvimento de moléculas da nossa biodiversidade. Isso terá impacto em diversos setores industriais, na saúde e nos cosméticos. É uma ação disruptiva e essencial para fortalecer a indústria brasileira.”

Impactos esperados
O PPI BioinfoBR busca implementar uma plataforma nacional de bioinformática interoperável e segura, além de promover a formação e retenção de talentos na área. O objetivo é aproximar empresas de ponta e centros de pesquisa, fomentando a inovação aberta e incentivando o investimento em projetos de pesquisa e desenvolvimento via Lei de Informática (Lei nº 8.248/1991), conhecida por Lei de TICs.

Empresas habilitadas poderão destinar parte dos recursos obrigatórios de PD&I ao programa, ganhando acesso a tecnologias avançadas e parcerias estratégicas. Espera-se que o PPI impulsione soluções em agroindústria, energia, saúde e biotecnologia, além de fortalecer a independência tecnológica nacional.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), Alex Carvalho, não haveria momento mais oportuno que a Conferência do Clima para o lançamento do programa. “Além de descortinar as realidades regionais, descortina-se também uma floresta gigante de novas oportunidades. Ao trazer ciência associada a pesquisas que possam criar os nossos bioativos e bioinsumos, promovemos novos mercados que podem trazer a capacidade de internalização de renda, de emprego à sociedade e à Amazônia, criando um ambiente de integração que tanto defendemos”.

Bioinformática vai alavancar a bioeconomia
Segundo projeções da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), um investimento de US$ 257 bilhões pode alcançar um retorno anual de US$ 593 bilhões em diferentes áreas da bioeconomia no país. Até 2050, projetam-se reduções expressivas nas áreas degradadas (de 225 para 108 milhões de hectares) e a expansão de cadeias produtivas sustentáveis, como proteínas alternativas (de 0 para 9,8 milhões de toneladas), bioquímicos (de 0,2 milhões para 15 milhões de toneladas) e biocombustíveis (81 Mm³ para 570 Mm³).

Esses avanços não apenas atraem investimentos de grande escala, como também podem reduzir significativamente as emissões acumuladas de CO₂, de 41 Gt para 12 Gt no período de 2020 a 2050.

Segundo o MCTI, para além da área de TICs, há potencial de desenvolvimento de soluções e negócios em diversos setores industriais, como agroindústria, alimentos, saúde, transformação, energia, biocombustíveis e biotecnologia.

Objetivos do PPI BioinfoBR
Ao processar os dados biológicos com precisão e alta velocidade, a bioinformática possibilita a transformação das informações biológicas em soluções inovadoras de alto impacto. Os objetivos do programa são:

  • Implantar uma plataforma nacional de bioinformática interoperável e segura; 
  • Promover programas de formação e retenção de talentos em bioinformática; 
  • Fomentar o acesso a ferramentas avançadas de TICs, como computação quântica, aplicadas à bioinformática; 
  • Implementar mecanismos de inovação aberta que ampliem o impacto e a cooperação entre empresas, ICTs e demais atores da rede nacional; 
  • Integrar o PPI BioinfoBR aos outros PPIs; 
  • Ampliar a cooperação internacional em bioinformática e TICs; 
  • Apoiar empresas e ICTs no desenvolvimento de soluções de alto impacto econômico e social.

O programa está em fase final de modelagem, podendo agregar novas demandas industriais e da academia, além de parceiros.

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