O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou neste domingo (17), durante sua passagem por Manaus, um novo investimento de US$ 50 milhões no Fundo Amazônia. O anúncio eleva a contribuição total dos EUA para US$ 100 milhões, mas ainda está aquém da promessa de US$ 500 milhões feita em 2023. Em seu discurso, Biden também destacou que deixa "uma base muito forte" nas políticas climáticas para Donald Trump, que assume a presidência em janeiro de 2025.
A declaração foi feita no Museu da Amazônia (Musa), onde Biden se encontrou com lideranças indígenas, cientistas e representantes de ONGs. Em um gesto simbólico, o presidente percorreu trilhas na floresta, encontrou-se ao pé de uma majestosa Sumaúma e reiterou o papel crucial da Amazônia na preservação ambiental global.
"A luta contra a mudança climática vem sendo a causa da minha presidência. Não é preciso escolher entre economia e meio ambiente. Nós podemos fazer as duas coisas", afirmou o democrata.
Doações dependem do Congresso
Apesar do novo aporte, a doação precisa de aprovação do Congresso americano, agora sob maioria republicana. O recurso visa acelerar esforços para a conservação de terras, a proteção da biodiversidade e o enfrentamento à crise climática.
Criado há 16 anos, o Fundo Amazônia é uma iniciativa internacional que apoia ações de combate ao desmatamento, redução de emissões de gases de efeito estufa e apoio às comunidades tradicionais. A contribuição americana integra uma estratégia maior de mobilizar US$ 10 bilhões até 2030 para restaurar e proteger áreas naturais.
Legado ambiental e desafios futuros
A visita ocorre dois meses antes do fim do mandato de Biden, que enfrentará a sucessão por Trump, crítico de políticas ambientais e conhecido por sua postura de apoio ao setor de combustíveis fósseis. Durante seu primeiro mandato, Trump retirou os EUA do Acordo de Paris e revogou mais de 100 regulações ambientais.
Biden enfatizou que, embora seu sucessor possa tentar alterar o curso das políticas, "ninguém pode reverter a revolução de energia limpa que está em andamento nos EUA". Ele também designou o dia 17 de novembro como o Dia Internacional da Conservação e anunciou novas iniciativas para preservar florestas tropicais em parceria com o Brasil.
Visita histórica à Amazônia
Joe Biden é o primeiro presidente americano em exercício a visitar a Amazônia brasileira. Ele sobrevoou o Encontro das Águas e a Reserva Florestal Adolpho Ducke antes de chegar ao Musa. Durante o evento, foi acompanhado por líderes locais como o governador Wilson Lima e o prefeito de Manaus, David Almeida, além de cientistas renomados como o climatologista Carlos Nobre.
Após Manaus, Biden seguiu para o Rio de Janeiro, onde participará da Cúpula dos Líderes do G20. A visita reforça o compromisso americano com o desenvolvimento sustentável e marca um dos últimos atos internacionais do democrata como presidente.
Análise: A visita de Biden é vista como um gesto significativo para a cooperação internacional no combate à crise climática, mas a incerteza sobre o apoio do Congresso e o retorno de Trump ao poder geram dúvidas sobre a continuidade dessas políticas.