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Produtividade tóxica impacta segurança do trabalho e cultura organizacional
Especialistas explicam como a NR-1 deve ser aplicada para lidar com tema que ainda gera dúvidas entre empresários

A atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) incluiu os riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), prevendo a identificação de fatores como pressão excessiva, assédio, isolamento e jornadas extenuantes, que podem afetar a saúde mental e a segurança no trabalho.
O tema, que ainda gera dúvidas entre empresários e CEOs, tem um ponto central: a prática da produtividade tóxica na cultura organizacional das empresas. De acordo com Silvana Beckert, consultora associada da DHEO Consultoria, as mudanças nos formatos de trabalho durante e após a pandemia, o aumento das conexões on-line e a prática da cultura hustle — em que trabalhar enquanto os outros dormem e a pressão por alta performance se tornam comuns — contribuíram para a intensificação desses comportamentos em alguns ambientes corporativos.
Como consequência, ela alerta para alguns sinais que podem indicar que o colaborador está entrando no ciclo da produtividade tóxica. “A pessoa sente culpa ao descansar ou tirar folga. Está sempre em horas extras, trabalha aos finais de semana, mesmo doente ou exausta, e não consegue desligar a mente do trabalho. O valor pessoal passa a ser medido pela quantidade de tarefas cumpridas, e a saúde, o lazer e os relacionamentos são negligenciados em nome de produzir mais”, explica.
Soluções práticas para empresas
Mais do que uma obrigação legal, a atualização da NR-1 reforça a necessidade das empresas adotarem medidas concretas para prevenir danos à saúde mental e física de seus colaboradores. “Entre as ações recomendadas, estão a avaliação periódica do ambiente de trabalho e a criação de canais de escuta e apoio psicológico, garantindo que os colaboradores tenham um espaço seguro para expressar dificuldades e buscar orientação”, diz Silvana.
Para a consultora associada da DHEO Consultoria, também é fundamental que empresas desenvolvam indicadores de produtividade que valorizem a qualidade e o foco nas entregas, e não apenas o tempo dedicado ao trabalho. Além disso, medidas corretivas devem ser adotadas para situações de risco ou crises, fortalecendo a prevenção e a segurança emocional no dia a dia.
O papel dos líderes
Para que essas mudanças realmente aconteçam, o papel do CEO, do líder e do gestor é fundamental. Adeildo Nascimento, especialista em cultura organizacional e fundador da DHEO Consultoria, acredita que “é a liderança que deve conduzir a transformação cultural dentro das empresas, criando um ambiente saudável que valorize o descanso, o foco e o bem-estar dos colaboradores”.
Com a produtividade tóxica multifacetada, envolvendo aspectos econômicos, culturais e sociais, Silvana complementa que o desafio é real e exige atenção estratégica para criar um ambiente sustentável, produtivo e saudável para todos os colaboradores. “Devemos entender como as relações estão estruturadas na empresa e como a saúde relacional, mental, física e emocional é tratada. Quando esses temas são incorporados às reuniões estratégicas e à cultura da organização, a redução da produtividade tóxica se torna significativa”, finaliza.
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