Notícias Corporativas
THCV impacta metabolismo e pode ajudar na redução de peso
Pesquisas apontam que o canabinoide THCV pode reduzir o apetite, melhorar a resposta à insulina e favorecer o metabolismo, ampliando possibilidades terapêuticas

A obesidade é um importante desafio de saúde pública no Brasil. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), mais de 9 milhões de brasileiros convivem com a doença. Nesse cenário, cresce a busca por soluções rápidas para emagrecimento. Entre elas, os análogos de GLP-1, administrados por meio de canetas injetáveis — o que eleva também as preocupações com o uso indiscriminado de automedicação.
Como resposta, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passou a exigir, a partir de junho de 2025, a retenção da receita médica para substâncias como Ozempic, Wegovy e Mounjaro. A prescrição deve ser emitida em duas vias, com uma delas retida pela farmácia, e a venda é controlada pelo Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC).
Para o médico Dr. Alexandre Assuane (CRM 213170), a crescente medicalização do emagrecimento exige atenção técnica. “Essas abordagens podem ser eficazes em determinados contextos, mas é fundamental avaliar a adequação de cada tratamento ao perfil do paciente, considerando fatores metabólicos, hormonais e comportamentais,” explica.
Ainda de acordo com o médico, o processo envolve múltiplas variáveis. “Além da resposta fisiológica, aspectos como sono, estresse, alimentação e a prática de atividade física influenciam diretamente os resultados e a manutenção do peso corporal,” complementa Assuane.
Nesse contexto, Dr. Alexandre aponta uma aposta que cresce entre os médicos: “o canabinoide THCV, que tem chamado atenção por seu potencial de modulação do apetite, melhora na sensibilidade à insulina e redução de processos inflamatórios — características promissoras para o tratamento da obesidade, diabetes tipo 2, síndrome metabólica e até doenças neurodegenerativas.”
O que é THCV?
A Tetrahidrocanabivarina, ou THCV, é uma das muitas substâncias encontradas na planta Cannabis Sativa. Como é produzida em pequenas quantidades, é classificada como um “canabinoide menor.”
Embora tenha uma estrutura química semelhante à do THC — principal composto psicoativo da planta —, o THCV se comporta de forma diferente no organismo. Enquanto o THC ativa o receptor CB1 do Sistema Endocanabinoide, estimulando o apetite e alterando a percepção, o THCV age no sentido oposto: bloqueia esse receptor, o que pode ajudar a reduzir a fome e contribuir para o equilíbrio do metabolismo.
“O THCV é uma molécula que atua nos receptores CB1 e CB2 permitindo a modulação de processos metabólicos e inflamatórios de forma específica, o que amplia as possibilidades terapêuticas dentro do espectro dos canabinoides,” explica Ana Gabriela Baptista, pesquisadora, especialista em desenvolvimento de formulações terapêuticas com Cannabis e CEO da TegraPharma no Brasil.
Ela destaca que, embora o THCV tenha semelhanças estruturais com o THC, suas propriedades farmacológicas são únicas.
“Do ponto de vista farmacocinético, sua estrutura semelhante ao THC confere propriedades distintas, como menor afinidade psicoativa e maior estabilidade metabólica em formulações orais. Pesquisas mostram que o THCV apresenta um perfil terapêutico próprio, com efeitos que vão além dos observados no CBD e no THC. O avanço científico em torno do THCV abre caminhos para aplicações clínicas mais segmentadas, especialmente em quadros que exigem alternativas menos invasivas ao uso prolongado de medicamentos convencionais,” disse Ana Gabriela.
Evidências científicas e potencial terapêutico
Estudos apontam que o THCV pode acelerar o metabolismo, controlar os níveis de glicose no sangue e reduzir o acúmulo de gordura, especialmente triglicerídeos. “O THCV tem mostrado um potencial promissor na modulação da homeostase da glicose, melhorando a resposta à insulina e reduzindo a resistência insulínica,” afirma Ana Gabriela.
Um estudo clínico randomizado, duplo-cego, com 62 pacientes com diabetes tipo 2 (não tratados com insulina), avaliou diferentes combinações de CBD e THCV durante 13 semanas. Os resultados apontaram que o THCV foi o composto que mais se destacou, reduzindo significativamente a glicemia de jejum, melhorando a função das células β pancreáticas — responsáveis pela produção de insulina — e elevando os níveis de adiponectina e apolipoproteína A, marcadores ligados à melhora da sensibilidade à insulina e da saúde cardiovascular.
Ainda de acordo com Ana Gabriela, além do metabolismo, o THCV demonstra potencial neuroprotetor. Pesquisas preliminares indicam que a molécula pode contribuir para a prevenção de doenças neurodegenerativas, ampliando o interesse clínico pelo canabinoide.
“Sua capacidade de acelerar o metabolismo e melhorar o controle glicêmico, associada ao potencial neuroprotetor, representa uma interseção valiosa entre metabolismo e saúde cerebral,” afirma. Ela acrescenta que o THCV também apresenta propriedades anti-inflamatórias que merecem atenção da comunidade científica.
Acesso regulamentado no Brasil
No Brasil, o uso de produtos à base de Cannabis é regulamentado pela RDC 660/2022 da Anvisa, que permite a importação mediante prescrição médica. Empresas especializadas têm facilitado esse acesso no país, com foco em segurança, inovação e evidência científica.
Para o Dr. Alexandre Assuane, a introdução do THCV amplia as opções terapêuticas para pacientes com condições crônicas, mas seu uso exige prescrição qualificada e acompanhamento médico. “A prescrição deve ser feita por profissionais habilitados, com avaliação clínica individualizada. Como qualquer tratamento, o THCV não substitui terapias convencionais sem supervisão médica.”
Perspectivas futuras
Diante dos desafios crescentes no tratamento da obesidade e de condições crônicas associadas, o THCV tem sido investigado como ferramenta complementar em estudos clínicos. Seu uso, ainda em expansão, é analisado pelo potencial de modular o Sistema Endocanabinoide e pelas diferenças observadas em seu perfil de efeitos adversos em comparação aos medicamentos tradicionais.
“Acreditamos que o futuro da Cannabis medicinal depende da integração entre ciência, regulamentação e prática clínica segura. O THCV é um exemplo claro de como a pesquisa responsável pode abrir possibilidades terapêuticas para condições que afetam milhões de pessoas,” conclui Ana Gabriela Baptista.
Descubra mais sobre Blog do Amazonas
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.