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Estudo revela crescimento na produção de cocaína
Conforme o Relatório Mundial sobre Drogas 2024, foram produzidas mais de 2.700 toneladas da droga em 2022, representando um aumento de 20% em relação ao ano anterior, com 355.000 hectares de cultivo de coca identificados

De acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas 2024, publicado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), a produção global de cocaína atingiu um recorde histórico em 2022. Conforme divulgado no documento, foram produzidas mais de 2.700 toneladas da droga naquele ano, representando um aumento de 20% em relação ao ano anterior, com 355.000 hectares de cultivo de coca identificados.
O relatório também apontou dados sobre o fluxo internacional de tráfico de drogas. As principais rotas continuam partindo da região andina — que abrange países como Colômbia, Peru e Bolívia — em direção a outros países das Américas, bem como à Europa Ocidental e Central, considerada o segundo maior mercado consumidor mundial de cocaína, atrás apenas da América do Norte. De acordo com o UNODC, a cocaína chega atualmente a todas as regiões do mundo e mais de 90% dos países que responderam ao questionário anual da ONU relataram apreensões da droga desde 2019.
A publicação informou que, apesar de uma estabilização no volume total de cocaína apreendida na América do Sul em 2022, alguns países da região registraram aumentos significativos nas apreensões em comparação com 2021. Segundo o relatório, o Cone Sul — que inclui países como Brasil, Argentina e Chile — além de Colômbia, Equador e Peru, apresentaram crescimento nas operações de combate ao tráfico. No caso específico do Equador, o impacto tem sido ainda mais severo. O relatório indicou que o país vive uma onda de violência letal nos últimos anos, fortemente relacionada à atuação de grupos criminosos locais e internacionais, incluindo organizações do México e dos Bálcãs. Entre 2019 e 2022, o número de apreensões de cocaína e a taxa de homicídios no Equador aumentaram cinco vezes, principalmente nas regiões costeiras, utilizadas como pontos estratégicos para o envio da droga aos mercados consumidores da América do Norte e da Europa.
Sobre o assunto, Miler Nunes Soares, médico psiquiatra e responsável pela Clínica de Recuperação para Dependência Química Granjimmy, afirmou que a análise do relatório sobre o aumento recorde na produção e tráfico de cocaína levanta sérias preocupações para a saúde pública global e o tratamento de dependências. Miler continuou dizendo que o crescimento na disponibilidade da droga está diretamente relacionado ao aumento dos problemas de saúde associados ao seu consumo, especialmente em regiões onde o acesso ao tratamento é limitado. “Embora as estratégias de combate ao tráfico sejam importantes, é fundamental que sejam acompanhadas por investimentos robustos em prevenção, tratamento e redução de danos. O aumento da disponibilidade de cocaína representa um desafio sem precedentes para os sistemas de saúde e as clínicas de reabilitação, que precisarão se adaptar rapidamente para lidar com o crescente número de casos de dependência”.
Ainda sobre o relatório divulgado, já na Europa Ocidental e Central, os portos localizados no Mar do Norte continuam consolidando sua posição como principais pontos de entrada da cocaína no continente. O relatório aponta dados que indicam o aumento de crimes associados ao tráfico, como corrupção, intimidação e episódios de violência, sobretudo em países com grandes terminais portuários. Apesar de uma leve queda nas apreensões em 2022, a publicação destaca que a Europa Oriental e Sudeste Europeu têm assumido um papel crescente como rota de trânsito para a cocaína destinada ao mercado ocidental, ao mesmo tempo em que essas regiões começam a sentir os efeitos do aumento do consumo local da droga.
Perguntado sobre o assunto, Miler afirmou que a crescente complexidade do mercado global de cocaína demandará estratégias igualmente complexas e coordenadas internacionalmente para seu enfrentamento. “É fundamental que não percamos de vista que, por trás dos números de produção e apreensões, existem pessoas lutando contra a dependência química, como acontece na unidade da clínica de recuperação em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. O fortalecimento das redes de tratamento e a implementação de políticas públicas baseadas em evidências serão fundamentais para mitigar os danos crescentes associados ao consumo de cocaína nos próximos anos”.
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