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Ativos intangíveis impulsionam os valuations globais

Felipe Jorge, sócio da consultoria Valuation Brasil, explica que os ativos intangíveis constituem parte relevante do valor das empresas. Ele defende que conforme as economias se desenvolvem e aumentam a participação de serviços, o intangível se torna cada vez mais relevante

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Ativos intangíveis impulsionam os valuations globais

Entre as várias expressões comuns ao mundo dos negócios, está “valuation”, termo em inglês que faz referência ao valor de mercado de uma empresa ou ativo. Ele pode ser calculado de diferentes métodos, como o tradicional balanço patrimonial, o fluxo de caixa descontado, múltiplos de mercado, entre outros. Como o próprio nome diz, esses ativos intangíveis são bens ou direitos não físicos, mas que possuem valor econômico, como propriedade intelectual (IP), reputação da marca e relacionamento com os clientes.

Segundo um levantamento da Ocean Tomo, ativos intangíveis representaram, em 2020, cerca de 90% do valor de mercado das empresas do S&P 500 (500 maiores companhias de capital aberto dos Estados Unidos). Em 1975, essa porcentagem era de apenas 17%.

“Ativos intangíveis são, hoje, os principais motores de valor nas empresas. Uma marca forte permite preços premium e maior fidelização. A propriedade intelectual cria barreiras competitivas. Já uma carteira de clientes recorrentes assegura previsibilidade de receita. Todos esses fatores aumentam a capacidade da empresa de gerar caixa no futuro — e é isso que realmente importa em uma avaliação”, afirma Felipe Jorge. Ele é sócio da Valuation Brasil, consultoria especializada em avaliação de ativos e M&A.

O executivo acrescenta que o fluxo de caixa descontado (FCD) é um método essencial para avaliar empresas, e se bem feito, apresenta uma visão detalhada das expectativas de retorno do negócio. De acordo com Jorge, o FCD estima o valor presente dos fluxos de caixa projetados da empresa após arcar com todas as suas obrigações, revelando o impacto financeiro combinado dos ativos tangíveis e intangíveis.

“O FCF mostra, na prática, quanto dinheiro a empresa gera após cumprir suas obrigações operacionais e de investimento. Diferente do lucro contábil, ele não está sujeito a ajustes e políticas contábeis. Ele traduz com mais fidelidade o impacto financeiro de ativos intangíveis, pois revela se esses ativos estão, de fato, gerando valor em forma de caixa”, salienta.

A propriedade intelectual, por outro lado, cria diferenciação no mercado, permitindo que as empresas pratiquem preços maiores ou capturem maior participação de mercado. Ele cita como exemplo a Apple, cuja forte propriedade intelectual e inovação permitem que a empresa alcance uma margem bruta acima da média da indústria.

“Essa vantagem de margem se traduz em um fluxo de caixa livre robusto, pois a Apple consegue precificar seus produtos acima dos concorrentes enquanto mantém a fidelidade dos clientes. Ao analisar o FCF, as empresas podem quantificar como as vantagens competitivas geradas pela propriedade intelectual se traduzem em desempenho financeiro sustentável e margens superiores”, destaca Jorge.

Relacionamentos com clientes, especialmente em empresas baseadas em assinaturas, são outro importante impulsionador do FCF, acrescenta o sócio da Valuation Brasil. “O fluxo de caixa captura efetivamente o valor da lealdade e do ciclo de vida completo do cliente via menores projeções de churn ou maior recorrência de vendas, muitas vezes não considerados em outras metodologias de avaliação”, argumenta ele.

De acordo com o especialista, quando necessário, as empresas podem utilizar a metodologia de Royalty Relief para separar com maior clareza o valor dos ativos intangíveis do restante das operações do negócio. “Esse método consiste em estimar o valor econômico de um ativo intangível específico, como uma marca, projetando o fluxo de caixa que a empresa deixa de desembolsar pelo simples fato de deter aquele ativo, em comparação com o custo hipotético que teria para licenciá-lo de terceiros”, explica. 

“Em outras palavras, calcula-se o valor presente dos royalties economizados ao longo do tempo por possuir e explorar diretamente esse ativo intangível. Tal abordagem proporciona uma avaliação objetiva, permitindo que o valor real da marca ou propriedade intelectual seja claramente evidenciado, destacando seu impacto econômico direto no valuation geral da empresa”, complementa. 

Jorge defende, portanto, que entender valuation vai além de simplesmente olhar balanço patrimonial. “É preciso compreender os mecanismos que geram valor real, e eles, quase sempre, estão nos intangíveis. Ao analisar o Fluxo de caixa, conseguimos fazer essa ponte entre o que a empresa tem de diferencial competitivo e o que isso representa em geração de valor para acionistas e investidores”, ressalta. 


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