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Coleta de lixo avança no Brasil, mas desigualdade entre campo e cidade persiste

Cobertura chegou a 86,9% dos domicílios em 2024, mas apenas um terço das moradias rurais conta com o serviço; queima de resíduos e saneamento precário ainda afetam milhões de brasileiros

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A coleta direta de lixo alcançou 86,9% dos 77,3 milhões de domicílios brasileiros em 2024, segundo levantamento recente. O índice representa um avanço em relação a 2016, quando a cobertura era de 82,7%, mas ainda expõe desigualdades significativas entre áreas urbanas e rurais.

Nas cidades, o serviço já chega a 93,9% dos 68,5 milhões de lares, enquanto no campo apenas 33,1% dos 8,9 milhões de domicílios contam com coleta direta. A disparidade reforça os desafios de infraestrutura e logística em regiões de menor densidade populacional.

Apesar do crescimento no atendimento, ainda há 4,7 milhões de moradias, cerca de 6,1% do total, que recorrem à queima do lixo dentro da própria propriedade. O problema é especialmente grave nas áreas rurais, onde mais da metade das famílias, 50,5%, utilizam essa prática, em contraste com apenas 0,4% dos domicílios urbanos.

Saneamento básico também reflete desigualdade

O cenário se repete quando o assunto é esgotamento sanitário. Em 2024, apenas 9,4% das moradias rurais estavam ligadas à rede geral de esgoto ou a fossas sépticas conectadas ao sistema. Já nas cidades, a cobertura atingia 78,1%. No Brasil como um todo, houve uma evolução de 68,1% em 2019 para 70,4% em 2024.

Ainda assim, 14,4% dos lares, o equivalente a 11,1 milhões de unidades, despejavam dejetos em fossas rudimentares, valas, rios, lagos ou no mar. Mais da metade dos domicílios rurais, 53,8%, dependiam dessas soluções precárias, enquanto nos centros urbanos a proporção era de 9,5%.

Transformações nos domicílios

Além dos desafios de coleta de resíduos e saneamento, os dados também mostram mudanças no perfil das moradias brasileiras. O número de domicílios alugados cresceu 45,4% entre 2016 e 2024, passando de 12,3 milhões para 17,8 milhões, ao mesmo tempo em que caiu a proporção de imóveis próprios já quitados, de 66,8% para 61,6%.

Outro fenômeno em destaque é o crescimento dos arranjos unipessoais, lares compostos por apenas uma pessoa. Essa configuração saltou de 12,2% em 2012 para 18,6% em 2024. Entre os homens que vivem sozinhos, 57,2% têm entre 30 e 59 anos, enquanto entre as mulheres a maioria, 55,5%, tem 60 anos ou mais.

Desafios para políticas públicas

Os números apontam avanços graduais na cobertura de serviços essenciais, mas deixam claro que a universalização ainda está distante. A queima de lixo em áreas rurais, a precariedade no saneamento e a concentração da moradia em domicílios alugados refletem não apenas questões de infraestrutura, mas também desigualdades socioeconômicas.
 

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